Capítulo 351 - Vivo



Scarlette olhou para seu corpo machucado.

Ela pegou os lençóis e os usou para se cobrir.

"Nada mal...", o velho que fumava um charuto no sofá em frente à cama soltou uma gargalhada rouca. Isso imediatamente a lembrou do que havia acontecido alguns minutos antes.

Ela abaixou a cabeça e pensou nas coisas horríveis que aconteceram. Ela estremeceu.

Como tudo chegou a esse ponto?

Lentamente, lágrimas quentes escorriam por suas bochechas.

"Minha assistente já preparou algumas roupas novas para você. Pode ir agora."

Sem dizer uma palavra, Scarlette pegou os lençóis e os usou para cobrir seu corpo enquanto saía do quarto.

Lá fora, duas empregadas já a aguardavam. Uma segurava um kit de primeiros socorros, a outra, uma toalha. Ao lado da empregada estava o Sr. Nakamura.

Ele olhou para ela e assentiu com satisfação.

"Parecia que ele gostava de você... pelo menos o suficiente para te manter vivo", disse o Sr. Nakamura. Em seguida, fez sinal para que as pessoas atrás dele saíssem. "Não precisa consertar nada. Não há nenhum cadáver."

"…"

Scarlette estremeceu por dentro.

A vida dela, não importa como ela a veja, já estava em ruínas. Sim. Tudo nela estava arruinado.

Sua família, sua carreira e agora seu corpo.

Tudo!

E tudo isso por causa da Sienna! Aquela mulher... vai fazer a Sienna pagar por tudo.

"Já que você saiu vivo daquela sala, ele deve ter concordado em deixar passar?"


"Como bônus por um bom desempenho... diga o que você quer."

Ela olhou fixamente para ele.

"Claro, desde que esteja dentro da minha capacidade... eu darei", acrescentou.

Por alguns segundos, Scarlette não disse nada. Ela o encarou, com lágrimas ainda se acumulando nos olhos. Então, disse: "Preciso de uma coisa..."

"O que é?"

"Uma arma."

O Sr. Nakamura ergueu uma sobrancelha. "Por quê?"

"Preciso disso para me defender."

O Sr. Nakamura olhou para ela com os olhos semicerrados. "Vamos conversar sobre isso depois que o Presidente me der a ordem."

Então, ele não vai dar. Scarlette deu de ombros. Depois, seguiu as criadas para outro quarto.

E daí se aquele homem não lhe der uma arma? Existem outros métodos para ela conseguir uma!

...

Quatro horas depois

"Ela foi ver o Presidente."

"Foi?" Sienna olhou para Jane, surpresa.

"Sim."

"Isso —" Isso significaria que o jogo está quase acabando para ela. O antigo presidente era bastante conhecido por seus atos lascivos. Além disso, ele também é um babaca masoquista que gostava de machucar a mulher. Há rumores de que o antigo presidente matou acidentalmente sua primeira esposa porque ela sangrou até a morte enquanto eles faziam sexo intenso. Sua segunda esposa também morreu em circunstâncias misteriosas.

"Sinceramente, a culpa é só dela. Ela aceitou o favor do Sr. Nakamura, considerando que aquele homem tem fortes ligações com o presidente e a yakuza." Jane murmurou.

Ao ouvir isso, Sienna só conseguiu suspirar. Uma de suas tarefas era fazer Scarlette sofrer, e parecia que ela teria um destino pior que a morte.

Scarlette devia saber da existência da Yakuza com antecedência, e foi por isso que procurou o Sr. Nakamura para obter o software. Ela deve ter pensado que essas pessoas seriam capazes de protegê-la. Scarlette se esqueceu de considerar que pessoas como o Sr. Nakamura e o presidente só eram boas para quem tinha valor.

Perder seu valor significa… perder o apoio deles.

"Você pode descobrir se ela ainda está viva?"

Sienna queria ter certeza de que Scarlette ainda estava viva. Ela já sabia que Scarlette ainda estava viva, pois o sistema não dizia nada sobre a morte de Scarlette. No entanto, ela precisava saber o estado de espírito de Scarlette.

"Entendido. Além disso... o Sr. Rouse... estava ligando desde ontem à noite. Ele disse que queria falar sobre o Jovem Mestre Grant."

"E?"

"Eu disse a ele que você não está disponível para conversar agora."

"Ótimo." Aquele homem ainda queria usá-la, mesmo já tendo contado a verdade sobre os pais dela. Que descaramento! "E Grant?"

"Ainda ocupado com o software e — " Antes que Jane pudesse terminar de falar, Grant entrou de repente em seu escritório.

"Grant..." ela levantou uma sobrancelha e lhe ofereceu um sorriso educado.

"Preciso conversar."

Ao perceber a seriedade em seu tom, ela fez sinal para que Jane os deixasse em paz.

"O que foi?", ela perguntou depois que Jane saiu.

"Sobre o que ouvi."

"Eu não te odeio", disse Sienna. "Se é isso que você quer saber. Eu também não odeio seus pais."

Ele sentou-se em frente a ela, com os lábios franzidos numa linha fina. "Vou abandonar a Rouse Tech."

"…" Sienna piscou. Será que ela ouviu direito?

"Se fizer isso, a empresa enfrentará falência."

"Eu não ligo."

"Você é um babaca confuso*."

"Não me importo. Ela se recuperaria logo. Não é como se minha saída fosse arruinar a empresa."

Confusa, Sienna perguntou: "O que você está planejando fazer?"


"Sair do país."

Hum? Não é esse o plano dela? Ao ver a convecção nos olhos dele, Sienna soltou um suspiro.

"Então... nós dois vamos deixar a empresa", disse ela. Isso certamente derrubaria o preço das ações, mas... o que ele disse estava certo. A Rouse Tech se recuperaria. Eles encontrariam um novo executivo para cuidar de tudo e logo se esqueceriam do herdeiro que deixou a empresa.

"Vim me despedir", disse Grant. "Eu... eu posso não te ver mais."

Bom... "E a Amanda? Ela vai com você?"

"Por que ela viria comigo?"

"…" Que tipo de final é esse? "Mas vocês dois…" Sienna queria dizer a ele que Amanda seria boa para ele. Mas ela parou quando o rosto de Grant escureceu.

"Você não vai realmente me empurrar para outra mulher depois de me rejeitar, certo?" ele perguntou.

"Eh?"

"Desculpe... eu só... estou indo embora." E mais uma vez, ele foi embora sem nem esperar que ela falasse.

Uau!

Aquele era um homem muito mal-humorado.

Sienna suspirou e ligou para Jane, pedindo que ela mudasse a senha do apartamento. Grant sabia a senha do apartamento dela, então a usaria sempre que quisesse visitá-la. E Sienna não o queria ali sem avisar.

Afinal, protagonistas masculinos têm um ímã invisível para problemas.

Para ser honesta, ela só queria se concentrar em Scarlette para poder deixar este mundo e conhecer Mo Li.

Depois de um tempo, Jane saiu para terminar algumas tarefas, deixando Sienna sozinha dentro de seu apartamento.

O silêncio, embora reconfortante, foi suficiente para lembrá-la de que ela precisava se apressar.

Mo Li… deve estar esperando por ela naquele mundo!

"Hah... Parecia que éramos só nós dois... Senhorita Rouse."

Sienna se virou e ficou surpresa ao ver Scarlette. A surpresa desapareceu tão rápido quanto surgiu.

Ela tinha um sorriso estranho no rosto enquanto lentamente levantava a mão e apontava uma arma para Sienna. "Por que você não se senta na sua cama primeiro?", perguntou Scarlette. "Afinal, esta será uma noite muito... muito longa."

"O que aconteceu com seu rosto?" Sienna sentou-se calmamente na cama. Embora Scarlette tentasse esconder os hematomas com uma maquiagem pesada, eles ainda eram bem visíveis.

"Quem te disse que você pode fazer perguntas?" Scarlette bufou. Ela odiava a calma de Sienna. Será que ela achava que Scarlette não a mataria esta noite? Será que ela estava menosprezando-a?

Scarlette bufou ao pensar nisso.

Essa é a noite dela!

No final do dia, apenas um deles sairia vivo desta sala.

 

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